tu sabias que eu também tinha que racionalizar?

Caríssimos, antes de mais, deixem-me felicitar-vos por este espaço. Boa!
Eu entro neste fórum enquanto pessoa que anda a tentar perceber como conviver com essas coisas das fobias, ansiedades, ataques de pânico e coisas do género…. Aqui, encaixo-me na categoria dos “amigos de “panicantes”” .
Convivo com eles, “os panicantes”, há quase 2 décadas, mas apesar de tanto tempo às vezes mais pareço um elefante a saltar de nenúfar em nenúfar - um pequeno desastre! Se isto acontece hoje, imagine-se há 15 ou 20 anos atrás - um desastre completo!
Se hoje ainda tenho dificuldade em lidar com estas coisas, nessa altura, para mim, elas eram absolutamente turvas, opacas, densas. Era absolutamente angustiante tentar fazer o que quer que fosse para tentar ajudar a resolver esta situações porque eu não compreendia o que tinha pela frente. Eu não fazia ideia do que se poderia estar a sentir nem percebia por que motivo se tinha iniciado aquele estado de espírito. Nessas primeiras experiências eu sentia-me no meio dum verdadeiro novelo.
Só pouco a pouco, com a abertura de quem panicava me foi possível começar a entender um pouco do que se passava.
Na verdade, hoje ainda posso cair na tentação de pensar que “o panicante” está realmente é a ter um ataque de capricho ou de carência afectiva (mimite) e não a viver um episódio de ansiedade. Lamento, mas isto acontece! A principal vantagem que tenho nos dias de hoje é o acesso mais facilitado a ferramentas e a informação que me ajudam a ter mais clareza nesses momentos. Sim, porque nós “os amigos do “panicante”” também temos que fazer um trabalho árduo de racionalização nesses momentos....
Gostava de deixar esta questão, principalmente a quem panica, já tinham pensado nisto assim?
Bem... em nome da disseminação destes assuntos, que tocam muitos mais de nós do que à partida nos parece, reforço as boas-vindas a este espaço e espero que todos possamos tirar bom partido dele, para bem da humanidade!
Aquele abraço.

Eu não percebo muito bem qual é o processo mental por que passas quando racionalizas. Sei que passo por inúmeros estados de espírito quando tenho ataques de ansiedade ou de pânico - mais comuns os de ansiedade.

Por vezes até tenho forças para aguentar os embates das vagas de ansiedade, e as pessoas que me rodeiam têm por vezes reacções de puxar pelos meus limites, já que eu tenho tendência a quedar-me e isolar-me. Mas lá está, por vezes não tenho forças.

E imagino que seja difícil perceber para quem está de fora que atitude ter para com uma pessoa que passa por ansiedade. Porque se por vezes os obstáculos sao ultrapassáveis e acabam em verdadeiras victórias para todos, outras vezes não é o caso e as crises de ansiedade fazem-nos passar momentos muito maus.

É a minha experiência e visão das coisas, um abraço

olá!
resumidamente o que digo é que houve e continuará a haver um processo de aprendizagem pelo qual eu tenho que passar... e se hoje as coisas, para mim, estão longe de serem fáceis é certo que, pelo menos agora, tenho algumas técnicas que me ajudam nos momentos mais críticos.
Certamente que haverá episódios mais complicados que outros, mas não acredito (sinceramente !) em situações intransponíveis...
Parece-me fundamental que “os amigos do “panicante”” sejam também ensinados a lidar com o problema assim como os “panicantes” o têm que ser. De outra forma vejo a situação mais dificíl de resolver. ...parece-me que se secundariza o papel do “os amigos do “panicante””....
abraço

Olá outra vez!
que não se entenda que o que eu penso é que nossa atenção deverá de deixar recair sobre quem “panica”, nada disso! O que eu quero é expor um ponto de vista que, às vezes, é ignorado, que é o ponto de vista de quem está de fora do “panicanço” mas quer (muito !) ajudar
abraço

Olá

Percebo agora melhor e concordo plenamente. Infelizmente às vezes os amigos do "panicante" caiem naquelas situações infelizes que não vou aprofundar muito mas andam à volta de frases como "isso passa" e "isso tá tudo na tua cabeça".

Quem sofre de ansiedade se calhar já num momento ou outro teve que ouvir coisas destas e por isso é que a aprendizagem de que falas realmente é tão importante e ainda bem que há quem a procure e, já agora, ainda bem que existem espaços como este fórum, que não é único (felizmente) nem está sozinho nos recursos sobre ansiedade, e que espero que sirva de algum apoio à comunidade tanto de "panicantes" como de amigos de "panicantes".

Um abraço

E um outro olá, para não ser diferente

Se calhar fui muito sucinto ou brusco e não quero minorar o papel do amigo do "panicante", todo aquele núcleo que rodeia e dá força e estabilidade ao "panicante" tanto nos momentos bons como nas crises ansiosas e de pânico.

Eu é que tou no outro lado, tou a representar o outro papel, digamos assim. Mas nunca esquecer o apoio todo dos amigos e que, sendo um apoio informado, ainda melhor.

Ainda mais queria dizer que, as pessoas que no geral descrevi como dizendo de ansiosos que "isso passa", a realidade da situação é que até podem ter a melhor das intenções e se calhar isso não ficou aparente quando o disse. Não são afirmações que nasçam de maldade mas talvez de não saberem melhor o que dizer, digo eu.

Mas falando num tom menos sério, se quisermos ser demasiado analíticos, a verdade é que as crises de ansiedade realmente passam ("isso passa") e apesar de terem impactos por vezes muito carregados a nível físico, poder-se-á dizer que "isso tá tudo na"... (nossa) ..."cabeça".

Já me ri um bocado aqui a teclar, apesar da seriedade destes assuntos. Rir também é importante.

Um abraço